Publicado em 5 de Setembro de
2014 as 12:54:07 PM
Igreja Evangélica Assembleia de Deus - Recife / PE
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LIÇÃO 10 - O
PERIGO DA BUSCA PELA AUTORREALIZAÇÃO HUMANA - 3º TRIM. 2014
(Tg 4.1-10)
INTRODUÇÃO
Nesta lição
veremos que a busca pela autorrealização humana é nociva apenas quando é vista
como um fim em si mesma. Em Tiago 4.1-10 encontramos o apóstolo ensinando que
aquilo que pedimos a Deus pode não ser concedido se as nossas motivações forem
equivocadas. Tiago exorta ainda que os cristãos não deveriam estar em conflitos
uns com o outros; e, por fim, ele lembra que aqueles que decidiram seguir a
Cristo devem se desligar completamente do mundo, pois o Senhor exige
exclusividade.
I -
DEFINIÇÃO DA PALAVRA AUTORREALIZAÇÃO
O Aurélio
diz que a palavra realizar significa: “alcançar seu objetivo ou
ideal”(FERREIRA, 2004, p. 1190).
Logo, a “autorrealização” pode
ser definida como “ato ou efeito de realizar a si próprio”.
“A realização profissional, pessoal e o desejo de uma melhor qualidade de vida
são anseios legítimos do ser humano. Entretanto, o problema existe quando esse
anseio torna-se uma obsessão, um desejo cego, colocando o Senhor nosso Deus à
margem da vida para eleger um ídolo: o sonho pessoal” (SILVA, 2014, p. 71). Em
Tiago 4.3 vemos o apóstolo fazer a seguinte exortação: “Pedis, e não
recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites”. O
referido versículo expressa a busca desenfreada e nociva das pessoas pela
autorrealização material. “A ideia central é que eles (os cristãos) desejavam a
abastança financeira, a fim de se ocuparem mais diligentemente na busca pelos
prazeres” (CHAMPLIN, 2005, p. 63).
1.1 Ser
cristão significa priorizar a busca pelas coisas espirituais. Faz parte dos ensinamentos tanto do AT quanto do NT o incentivo a
prioridade pelas coisas espirituais (Is 55.1-3; Ag 1.2-8; Mt 6.33; Cl 3.1-3). O
Aurélio diz que “prioridade”significa: “qualidade
duma coisa que é posta em primeiro lugar, numa série ou ordem” (FERREIRA,
2004, p. 557). No texto de Mt 6.19-24, Jesus fala da inutilidade de se esforçar DEMASIADAMENTE para
ajuntar tesouros nesta vida, pois aqui, a traça e a ferrugem podem consumir, e
o ladrão, pode roubar. Ainda nesta passagem, o Senhor diz que as riquezas podem
dividir o coração do crente, de forma que ele venha a ter dois senhores, a
saber: Deus e as riquezas. Isso é pecado de idolatria (Cl 3.5; Ef 5.5).
1.2 Ser
cristão não é viver à parte da realização material, mas buscá-la com
equilíbrio. Ser um crente espiritual não significa viver alheio
as realizações terrenas. A Bíblia nos ensina a buscarmos as coisas materiais
com moderação (Pv 30.7-9; Rm 12.16; I Tm 6.8). O Aurélio diz que “equilibrar” figuradamente
significa:“moderação, prudência, comedimento; autocontrole, autodomínio” (FERREIRA,
2004, p. 777). Temos vários exemplos bíblicos de homens que de forma comedida
usufruíram de prestígio social e riquezas; e, ao mesmo tempo, conservaram a sua
fé. Eis alguns: Abraão (Gn 13.2; Tg 2.23); Jó (Jó 1.1-3; 20-22); Daniel (Dn
1.17-21; 2.48); dentre outros (I Cr 29.1-3; II Cr 17.5; 32.27).
II - O
PROBLEMA DOS CONFLITOS
Em sua
epístola, Tiago tratou de diversos problemas entre os cristãos, inclusive a
discriminação na igreja (Tg 2.1-12) e o uso indisciplinado da língua (Tg
3.1-18). Agora, volta a atenção para as “guerras e contendas que há
entre vós” (Tg 4.1). Pelas palavras, o apóstolo deixa claro que
havia divisões e disputas carnais entre os crentes. Ele nos fala sobre três
tipos de conflitos que estavam acontecendo no seio da igreja. Vejamos cada um
deles detalhadamente:
2.1
Conflitos pessoais (Tg 4.1). Tiago nos
mostra que a fonte dos conflitos exteriores surgem de dentro do próprio homem
(Tg 4.1-b). Veja também (Mt 15.18,19; Mc 7.20-23; Gl 5.20). “A palavra “prazeres” não
significa necessariamente paixão sensual; nesse caso, é apenas cobiça. A cobiça
está em operação nos membros do corpo e estimula a carne e gera problemas”
(WIERSBE, 2008, p. 765).
A carne é a
natureza caída, isto é, as paixões, os desejos e apetites desordenados que nela
residem (I Co 10.13; Tg 1.14,15; Gl 5.16-21). Paulo exorta-nos a entregar os
membros de nosso corpo ao Espírito Santo, a fim de não cumprimos os desejos da
carne (Rm 6; Gl 5.16-26; Ef 4.22-30).
2.2
Conflitos interpessoais (Tg 4.1,2).“As causas
das guerras e contendas não são meramente econômicas ou intelectuais, mas
morais. Como não havia nenhuma guerra civil nessa época, Tiago parece
considerar principalmente a ideia de “brigas pessoais e ações judiciais,
rivalidades e facções sociais e controvérsias religiosas” (BRUCE, 2009, p.
2157). Em Tiago 4.1 a expressão“guerra” no grego “polemos” refere-se
a “querelas e rixas”, enquanto“contendas” no
grego “machai” traduz-se como “conflitos e
batalhas”. O apóstolo tinha em mente não as guerras entre as nações mas
as discussões e divisões entre os próprios cristãos. A Bíblia exorta-nos a
viver em comunhão, unidade e diante de possíveis questões e desentendimentos
praticar o perdão (Sl 133; II Co 13.11; Ef 4.2; Fp 2.1-4; Cl 3.13).
2.3
Conflitos espirituais (Tg 4.4). Tiago deseja
chocar os leitores quando os chama de infiéis, termo que
também pode ser traduzido por “adúlteros”. É bom dizer que
“a infidelidade em questão é caracterizada pela amizade do mundo baseada
em seus desejos e prazeres. Tiago condena tal transigência e fingimento. É
impossível servir a Deus e aos desejos do mundo, pois não se pode ser ao mesmo
tempo amigo e inimigo de Deus. É preciso escolher” (TOKUMBOH, p. 1553, 2010).
Nesse caso, o conflito não era pessoal, nem interpessoal, mas espiritual, pois
alguns daqueles cristãos, viviam indecisos sobre a quem deveriam servir.
Todavia, o apóstolo diz que Deus não aceita dividir o nosso coração com o
mundo, pois Ele nos quer exclusivamente para si (Tg 4.5; I Pe 2.9).
III - A
POSTURA DO CRISTÃO EM RELAÇÃO AO MUNDO
“Adúlteros e
adúlteras, não sabeis vós que a amizade do mundo é inimizade contra Deus?” (Tg 4.4). O apóstolo não faz referência aqui ao
adultério físico, mas sim ao espiritual. Todo o conceito está baseado na ideia
do Antigo Testamento que apresenta ao Senhor como o marido de Israel e a Israel
como a esposa do Senhor. Esta figura é comum em todo o Antigo Testamento (Is
54.5; Jr 3.1-5; Ez 23; Os 1-2). Neste mesmo sentido espiritual o Novo Testamento
fala de “geração má e adúltera”(Mt 12.39; 16.4; Mc 8.38).
Esta figura foi introduzida no pensamento cristão com o conceito da Igreja como
esposa de Cristo (II Co 11.2; Ef 5.24-28; Ap 19.7; 21.9). “Esta forma de
expressão pode ofender a sensibilidade contemporânea, mas a figura de Israel
como esposa de Deus, e da Igreja como esposa de Cristo têm em si mesmo algo de
precioso. Significa que desobedecer a Deus é como quebrantar os votos do
matrimônio” (MOODY, sd, p. 118 - acréscimo nosso). A Bíblia diz qual deve ser o
comportamento do cristão em relação ao mundo:
POSTURA DO CRISTÃO
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REFERÊNCIAS
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Não ganhar o mundo às custas da alma
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Mt 4.8-10; Mt 16.26
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Não ser do mundo
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Jo 15.19; 17.14,16
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Ser crucificado para o mundo
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Gl 5.24; 6.14
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Brilhar como a luz no mundo
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MT 5.13-16; Fp 2.15
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Negar os desejos mundanos e viver justamente
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Tt 2.12; Tg 1.27
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Não ser amigo do mundo
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Tg 4.4
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Escapar da poluição e corrupção do mundo
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II Pe 1.4; 2.20
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Não amar o mundo nem as coisas que há nele
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I Jo 2.15-17
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Ser como Cristo no mundo
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I Jo 4.17
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Vencer o mundo com a fé
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I Jo 5.4-5
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Não se conformar com o mundo
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Rm 12.1,2
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IV - QUE
ATITUDES DEVEMOS TOMAR PARA VENCER O DIABO, O MUNDO E A CARNE
4.1
“Sujeitai-vos, pois, a Deus, resisti ao diabo, e ele fugirá de vós” (Tg 4.7).A ordem do verbo “sujeitai-vos” exige uma ação
passiva, a qual implica alinhar-se sob a autoridade de alguém. A única maneira
eficaz de resistirmos às artimanhas do Diabo, assim como aos desejos e paixões
da nossa própria carne, é nos rendendo incondicionalmente ao Senhor, em plena
devoção (Mt 4.10; 1Pe 5.8,9).
4.2
“Chegai-vos a Deus, e ele se chegará a vós” (Tg 4.8-a). Esta ordem indica uma ação ativa dos crentes (Is 55.6). Esta atitude
resulta numa reciprocidade de Deus“ele se chegará a vós”. Confira
também (Jr 29.13,14; 33.3; Mt 6.6).
4.3
“Purificai os corações” (Tg 4.8-c). A
purificação espiritual ocorre no ato da salvação (At 15.9; Tt 2.14) e, por
isso, exige de todo cristão uma purificação pessoal, prática e constante (Lv
20.7; Js 3.5; II Co 7.1; I Ts 4.3; Hb 12.14).
4.4
“Humilhai-vos perante o Senhor, e ele vos exaltará” (Tg 4.10). Jesus dignificou a humildade nos seus ensinos (Mt 18.4; Fp 2.5-11).
Tiago e Pedro afirmam que o resultado da humilhação presente é a exaltação
futura (I Pe 5.6).
CONCLUSÃO
Como pudemos
ver, ser cristão na perspectiva de Tiago significa priorizar as coisas
espirituais; não estar em conflito com os irmãos; e, desvencilhar-se
completamente do mundo para servir somente a Cristo, pois é assim que Ele
requer.
REFERÊNCIAS
- STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo
Pentecostal. CPAD.
- CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo
Testamento Interpretado versículo por versículo. HAGNOS.
- ADEYEMO, Tokunboh. Comentário Bíblico
Africano. MUNDO CRISTÃO.
Publicado
no Portal da Rede Brasil da Comunicação