Igreja
Evangélica Assembleia - Recife / PE
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LIÇÃO 05 - O CUIDADO
AO FALAR E A RELIGIÃO PURA - 3º TRIMESTRE 2014
(Tg 1.19-27)
INTRODUÇÃO
Estudaremos nesta
lição o ensino do apóstolo Tiago sobre os perigos da falta de controle no uso
da língua; veremos também que devemos ter o máximo de cuidado com nosso
temperamento para não dar ocasião ao diabo inflamar uma ira excessiva em nosso
coração; e por fim, concluiremos analisando que a verdadeira religião consiste
não só em palavras, mais também em ação fraternal.
I - DEFINIÇÃO DA
PALAVRA LÍNGUA
A língua é um órgão
do corpo humano, cuja função principal está relacionada a fala. É em face dessa
atribuição que esse membro do corpo aparece na Bíblia como uma poderosa força.
Afirma-se que a morte e a vida estão no seu poder (Pv 18.21). Tiago elabora
isso quando se refere à língua como indomável e um mal incontido, cheio de
veneno mortal (Tg 3.8) e como fogo, um mundo de iniquidade (Tg 3.6). Paulo, por
sua vez, refere-se à língua como um instrumento de engano (Rm 3.13),
caracterizando o homem não regenerado. Jesus ensinou que os homens terão de
prestar contas, finalmente, de sua vida na terra, incluindo “toda
palavra frívola que proferirem”(Mt. 12.36). (MERRILL, sd, Vol.
3. p. 933).
II - ANALISANDO O
TEXTO DE TIAGO: O CUIDADO AO FALAR
A sabedoria nem
sempre consiste em ter algo a dizer. Ela envolve o ouvir cuidadosamente, o
refletir piedosamente, e o falar mansamente, pois quando falamos demais é
porque ouvimos pouco. Pessoas que falam muito tendem a errar muito e Tiago nos
adverte sabiamente para revertermos este processo. Vejamos:
2.1 “Portanto, meus
amados irmãos, todo o homem SEJA PRONTO PARA OUVIR…” Tg 1.19-a. A expressão “seja
pronto para ouvir” é
uma bela maneira de traduzir a ideia de uma audição sábia e ativa. Não devemos
simplesmente deixar de falar; devemos estar prontos e dispostos mais para
ouvir. Deus não nos impede de falar, mas pede que o façamos de forma coerente e
com sabedoria. “o que guarda sua boca conserva a
sua alma, mas o que muito abre os lábios tem perturbação” (Pv 13.3). Já diz o
adágio popular: “Temos dois ouvidos mas somente uma
boca, assim podemos ouvir mais e falar menos”. Portanto, devemos ouvir duas
vezes mais do que falar. Muitos
de nós bem faríamos em esperar e ouvir mais, e falar menos (Sl 141.3; Pv 10.19;
Pv 13.3; Pv 17.28; Pv 29.20) (BARCLAY, sd, p. 66). Quanto ao uso da fala e o
uso apropriado da linguagem, podemos ver nos seguintes Salmos (Sl 5.9; 12.2;
15.3; 17.3; 34.12; 35.28; 36.3; 39.9; 55.21; 64.4; 66.17; 73.9; 94.1; 101.5;
109.2; 119.172; 120.3,4; 139.4 e 141.3). O filósofo grego Xenócrates que viveu
em 396 - 314 a.C e que acompanhou Platão dizia:“Tenho-me arrependido muitas vezes por ter falado, mas
nunca por ter guardado silêncio” (CHAMPLIN, 2004, p.
2501).
2.2 “…tardio para FALAR,
tardio para se IRAR” Tg 1.19-b. O conselho de Tiago é que também
deveríamos ser tardios para nos irarmos. Há uma conexão íntima entre o ouvir e
o falar; também entre o falar e a ira. Aquele que ouve mais atentamente entende
melhor o seu próximo; entender leva a um falar ponderado e a uma resposta branda
que “desvia o furor” O falar impensado, por outro lado, com frequência produz a
palavra pesada que “suscita a ira” (Pv 15.1). A ira é um
profundo sentimento de ódio e rancor contra a outra pessoa. Uma vez
descontrolada, ela não produz a justiça de Deus, mas uma justiça segundo o
critério da pessoa que sofreu o dano: a vingança. Vejamos algumas verdades
sobre este tema:
2.2.1 Podemos dizer que há
dois tipos de ira: a justa (Ef 4.26) e a injusta (Ef 4.31). “A única ira que o
homem pode ter é uma ira que Cristo sentiu” (Mc 3.5). Esse tipo de ira não é a
expressão de uma petulância particular, mas de um ressentimento público contra
o comportamento e as ações que levam outros a sofrer sem culpa da pessoa irada”
(HARPER, 2008, Vol. 10. pp. 161-162). Em Efésios 4.26 o apóstolo Paulo também
instrui sobre a ira que é dada no contexto de uma citação literal do Sl 4.4-a:“Perturbai-vos e não pequeis…” Com essas palavras Paulo
lembra, em tom de exortação, a rápida transição da ira para o pecado.
2.2.2 A Bíblia não diz que
não devemos nos irar, mas ela mostra que é importante controlarmos
adequadamente este sentimento: “irai-vos e NÃO pequeis; NÃO se
ponha o sol sobre a vossa ira. NÃO deis lugar ao diabo” (Ef 4.26,27). É
interessante notarmos que Paulo qualifica sua expressão permissiva ao sentirmos
ira com três advérbios negativos, a saber: Irar sem pecar; não conservar a ira
no coração e não dar lugar ao Diabo. De acordo com o livro de
Deuteronômio, o pôr-do-sol é a hora em que todo o mal contra Deus e contra os
outros deve ser corrigido (Dt 24.13,15). Não devemos ceder aos nossos
sentimentos de ira ou permitir que eles nos levem ao ódio. Jesus Cristo
enfureceu-se com os mercadores no Templo, mas esta era uma ira justa, e por
isso, não o levou a pecar (Mt 21.12,13; Mc 11.15,16; Lc 19.45-48).
2.3 “Porque a ira do
HOMEM não opera a justiça de DEUS” Tg 1.20. Esses dois elementos
citados “ira do homem e justiça de Deus” estão extremamente distantes um do
outro. A ira do homem pode ser justa aos seus próprios olhos, mas isso não
significa que ela é justa aos olhos de Deus. E um momento de indignação pode
colocar muitas coisas a perder na vida de um cristão além de não garantir a
bênção de Deus.
2.3.1 Deus não se deixa
levar pela raiva humana, ainda que essa aparente ser lícita ou justa. E se a ira humana fosse o referencial
para que Deus agisse, não faltaria julgamento divino para todas as pessoas
(COELHO; DANIEL, 2014, pp. 61-62).
A ira fecha as
nossas mentes à verdade de Deus (2Rs 5.11; Pv 10.19; 13.3; 17.28; 29.20). É a
ira que explode quando os nossos egos estão inflamados. Quando a injustiça e o
pecado acontecem, é até normal que fiquemos irados, mas não devemos nos irar
quando deixamos de “ganhar” uma discussão, ou quando nos sentimos ofendidos ou
negligenciados. A ira egoísta nunca ajuda ninguém (Ec 7.9; Mt 5.21-26; Ef
4.26).
2.4 “Por isso,
rejeitando toda a imundícia e superfluidade de malícia, recebei com mansidão a
palavra em vós enxertada, a qual pode salvar as vossas almas” Tg 1.21. Tiago convida a seus leitores a
desprender-se de todo vicio e imundície. A palavra traduzida como “despojando-vos” é a mesma que literalmente
significa “despojar-se das
roupas que se está usando”. O apóstolo estimula a seus ouvintes
para que se desprendam de toda imundície; assim como a pessoa se desprende de
suas roupas sujas. As duas palavras que Tiago usa para significar imundície são
vocábulos muito expressivos. A palavra traduzida como imundície é“ruparia” e pode ser usada para
significar a sujeira que mancha as roupas ou a que mancha o corpo. Mas, além
disso, uma muito interessante particularidade. Trata-se de um derivado do
vocábulo “rupos” que, usado em sentido
médico, significa “cera no
ouvido”. É possível que até aqui mantenha esse significado, de
maneira que o escritor sacro estaria dizendo a seus leitores que se despojem de
tudo o que possa enclausurar seus ouvidos à verdadeira Palavra de Deus
(BARCLAY, sd, p. 68 - grifo nosso).
2.5 “E sede cumpridores
da palavra, e não somente ouvintes, enganando-vos com falsos discursos” Tg
1.22. Tiago argumenta que
olhar para a Palavra de Deus e não agir de acordo com o que está escrito,
significa que encontramos nas Escrituras não tem significado para nós. Se lemos
e ouvimos a Palavra de Deus e não praticamos o que ela diz estamos dizendo que
o que Deus falou não tem importância alguma para nossas vidas. Não pode haver
incoerência entre o que se “diz” e o que se “faz” para quem é discípulo de
Jesus. Tiago nos desafia em seu escrito a sermos praticantes da Palavra, e não
apenas ouvintes. Primeiro ouvimos o discurso e depois o praticamos. Não é
razoável ler, estudar e ouvir a Palavra de Deus se não temos o objetivo de
seguir o que ela nos apresenta (COELHO; DANIEL, 2014, pp. 64-65). O verdadeiro
crente pratica a Palavra (Tg 1.22-25). Não basta ouvir ou ler a Palavra, é
preciso praticá-la. Não basta apenas o conhecimento da
verdade, é necessário também a prática da verdade. Muitos crentes marcam sua
Bíblia, mas a Bíblia não os marca.
2.6 “Porque, se alguém é
ouvinte da palavra, e não cumpridor, é semelhante ao homem que contempla ao
espelho o seu rosto natural” Tg 1.23. A Palavra aqui é comparada não com a
semente, mas com o espelho. O principal propósito do espelho é o autoexame.
Quando olhamos para dentro da Palavra e compreendemos o que ela diz, conhecemos
a nós mesmos: nossos pecados, nossas necessidades, nossos deveres e suas
recompensas. Ninguém olha no espelho e logo vai embora sem fazer uma
autoanálise. Quando olhamos no espelho, descobrimos que tipo de pessoa somos e
como estamos. Muitas pessoas leem a Bíblia todo dia, mas não são lidas por ela,
não a observam. Muitos leem por um desencargo de consciência, mas não se
afligem por não colocar sua mensagem em prática.
III - ANALISANDO O
TEXTO DE TIAGO: A RELIGIÃO PURA
3.1 “A religião pura e
imaculada para com Deus, o Pai, é esta: Visitar os órfãos e as viúvas nas suas
tribulações…” Tg 1.27-a. O cuidado pelos
órfãos e as viúvas é uma ordem do AT como uma forma de imitar o cuidado do
próprio Deus com estas pessoas, “pois ele é o pai dos órfãos e
defensor das viúvas” (Sl
68.5; Is 1.10-17). Já nas páginas do NT, Jesus condenou de forma contundente os
escribas e fariseus, que desrespeitavam as viúvas e as exploravam
financeiramente (Mt 23.14; Lc 20.47).
Isso demonstra o
zelo e o cuidado que ele tinha por esta classe tão sofrida. A Bíblia nos mostra
que devemos honrar as verdadeiras viúvas (ITm 5.3; At 6.1). O
apóstolo Tiago nos informa que o cuidado com essas mulheres aparece na
definição do que vem a ser a verdadeira religião (Tg 1.27). Os cristãos que
professam uma religião pura irão imitar seu Pai, intervindo para ajudar os
desamparados.
3.2 “…e guardar-se da
corrupção do mundo” Tg 1. 27-b. Além de visitar órfãos e viúvas nas
suas necessidades, é preciso que nos resguardemos da corrupção do mundo. É
possível que uma pessoa corrupta faça atos de caridade em prol dos mais desassistidos.
No entanto, aqueles que têm uma religião pura e imaculada se guardarão da
corrupção do mundo. O guardar-se incontaminado do mundo significa evitar que
pensemos e ajamos de acordo com o sistema de valores da sociedade que nos
cerca.
CONCLUSÃO
Nessa lição
aprendemos sobre o cuidado que devemos ter com o ouvir e o falar. Estudamos
também acerca da religião pura e imaculada que alegra a Deus: visitar os órfãos
e as viúvas nas tribulações e guardarmo-nos da corrupção do mundo. Que os
nossos ouvidos estejam prontos para ouvir, a nossa língua para falar sabiamente
e a nossa vida para praticar tudo quanto aprendemos do Evangelho. Embora
estejamos em um mundo turbulento, devemos exalar o bom perfume de Cristo por
onde quer que andemos (2Co 2.15).
REFERÊNCIAS
COELHO, A; DANIEL,
S.Fé e Obras: Ensinos de Tiago para uma Vida
Cristã Autêntica. CPAD.
CHAMPLIN, R. N. Antigo
Testamento Interpretado versículo por versículo.Hagnos.
BARCLAY, W. Comentário
Biblico de Tiago. PDF
STAMPS, Donald C. Bíblia
de Estudo Pentecostal. CPAD.
TENNE, C. M. Enciclopédia
da Bíblia. Editora Cultura Cristã.
HARPER, A. F. Comentário
Bíblico Beacon. Tiago. Vol. 10. CPAD.
Publicado no Portal
da Rede Brasil de Comunicação
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